A morte em decorrência desse procedimento (chamado de amigdalectomia) é considerada um evento incomum, uma vez que a cirurgia é segura, apesar de delicada.
“Houve um tempo em que o procedimento cirúrgico era realizado por oportunidade. Antigamente, não tinha anestesia geral como hoje em dia e a partir do momento que se tornou um procedimento seguro e especializado, houve um aumento grande da indicação, banalizando-a”, afirma Fernão Bevilacqua, otorrinolaringologista do hospital Albert Sabin e membro da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia.
O médico explica que a proximidade da carótida faz a região ser sensível e torna “perigosas” as intervenções na área. “A técnica cirúrgica de fato é simples, mas mesmo assim se trata de uma via área baixa, cujo maior risco é o sangramento, já que o sangue pode ser aspirado pela traqueia, atingindo o pulmão e o esôfago.”
Considerando as ressalvas, a cirurgia é recomendada em ao menos quatro circunstâncias diferentes. Veja abaixo quais são elas:
Infecção bacteriana de repetição
De acordo com Maura Neves, otorrinolaringologista pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, o que caracteriza uma “infecção bacteriana de repetição” é a recorrência da infecção, contabilizando mais de sete eventos, com necessidade do uso de antibiótico, em um período de 12 meses.
No entanto, ainda de acordo com Bevilacqua, a escolha por uma amigdalectomia tem se tornado cada vez mais criteriosa, principalmente por causa do aumento das opções de tratamento clínico. “O otorrino tem que ter a visão de que o procedimento está envolvido no tratamento de uma causa”, afirma.
2 de 2
Popularmente conhecida como cirurgia de amígdalas, a adenoidectomia é uma das cirurgias mais realizadas nas crianças — Foto: Pixabay
Popularmente conhecida como cirurgia de amígdalas, a adenoidectomia é uma das cirurgias mais realizadas nas crianças — Foto: Pixabay
A segunda indicação para esta cirurgia se deve ao fato de algumas pessoas possuírem esses órgãos de tamanho maior do que o padrão, atrapalhando a respiração. Um dos sintomas são os roncos durante o sono, devido a dificuldade na passagem do ar pelas vias aéreas.
Quando há uma amigdalite bacteriana em estágio avançado e a infecção se espalha para outras regiões do pescoço formando abscessos (acúmulo de pus). “Inclusive, esta condição é uma indicação de cirurgia de emergência, pois coloca a vida em risco”, ressalta Maura.
Por último, a remoção é indicada a partir de uma suspeita de existam tumores, que podem ser de variados tipos e também acometem essa região .
Amígdalas são porosas e ajudam na defesa do organismo
Os primeiros 10 dias após a amigdalectomia são de maior risco, pelo aumento da pressão e frequência cardíaca. O repouso e a dieta líquida recomendada devem ser seguidos à risca. Quanto mais precisa a indicação, menor a chance de haver uma complicação.
“A evolução da medicina e entendimento das infecções bem como a melhora na qualidade dos antibióticos reduziram a indicação e necessidade da cirurgia. Porém, ainda é uma das cirurgias mais realizadas nas crianças”, explica Maura.
Isso se deve principalmente pelas consequências infecciosas da inflamação recorrente das amígdalas nos pequenos. O dano é maior, levando em consideração que haverá exposição de antibióticos em uma idade muito tenra, além de, no caso de aumento das amígdalas, uma obstrução que causa apneia vai alterar a face e a arcada dentaria.
“Também leva um sono agitado, não sendo incomum episódios em que a criança urina na cama, o que traz prejuízo escolar, físico e até emocional. Como tem menos fibras neurais ali, dói menos e a recuperação tende a ser mais rápida e tranquila”, finaliza Bevilacqua.
Retirada das amígdalas não representa fator de risco na contaminação por Covid-19
Conteúdo original publicado por g1.globo